segunda-feira, 22 de setembro de 2008

FEMINISMO E ALIENAÇÃO


Atração Fatal: Camille Paglia vê Sarah Palin

POR WALTER GALVÃO

Pensemos juntos a respeito do significado de uma declaração da escritora norte-americana Camille Paglia, incluída na lista dos cem maiores intelectuais do mundo. Ela afirmou à semana passada que Sarah Palin, candidata a vice-presidente dos EUA na chapa republicana, “representa a explosão de um novo estilo vigoroso de feminismo americano. Palin deu o maior passo para redefinir o papel de autoridade e liderança feminina desde que Madonna incorporou a personagem dominadora de Marlene Dietrich e enfiou goela abaixo do establishment feminista um novo feminismo pró-sexo e pró-beleza”.

Seria cômica se não fosse trágica tal declaração. Religiosa, extremamente conservadora, campeã das intenções de voto das chamadas “mães do Wal Mart” (eleitoras brancas, classe média baixa, acima de 40 anos, conservadoras e com problemas econômicos), militante contra o aborto mesmo que a gravidez seja resultante de estupro, incesto e defeito congênito, Palin representa tudo o que o feminismo de ontem e de hoje condena.


Para ela, o único contraceptivo válido é a abstinência sexual, nega que o aquecimento global seja causado por atividades humanas e aprova a inclusão do criacionismo nos currículos escolares.

Um ideal de cultura moralista autoritário que reduz a mulher à condição de objeto, contra a qual historicamente se insurgiu o feminismo. Sob a capa moral da defesa à vida, a condenação ao aborto e a abstinência sexual refletem nada menos que o patriarcalismo medieval com o conseqüente controle político e jurídico do corpo feminino.


Camille Paglia distorce o sentido ideológico do feminismo (questionar a organização social e o nível de liberdade e protagonismo da mulher), desvia o sentido urgente do debate (a supressão dos direitos humanos de milhões de mulheres no mundo atual) e deforma a postura político-ideológica da candidata a vice dos republicanos. Faz do atraso inovação, torna o obscurantismo uma força positiva e da burrice redenção.

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