segunda-feira, 29 de setembro de 2008

REFLEXÃO: CAMINHOS DA CRISE

Ladislau Dowbor, economista, professor da PUC São Paulo, filho de poloneses nascido na França e radicado no Brasil desde os quatro anos. O pesquisador opina sobre o atual cenário conflagrado do capitalismo.

O senhor fala do paradigma da competição substituído pelo da cooperação na economia. Como se dá esse processo exatamente?

Ladislau Dowbor – Na base desse processo está a mudança radical da tecnologia. As pessoas não percebem que estamos provavelmente diante do processo de transformação tecnológica mais radical que a humanidade já viveu, o que tem duas dimensões fundamentais. Uma é a capacidade virtualmente ilimitada de estocagem de pesquisa, informação e conhecimento, um eixo cuja amplitude em termos de repercussão planetária está começando apenas. O outro, vinculado a este, é que a dimensão do conhecimento no conjunto dos processos de criação de riqueza se deslocou para conhecimentos técnicos e tecnológicos de diversos tipos. Quando se compra hoje um produto, quando muito, 25% são custos materiais, 75% são de pesquisa, estudos, publicidade, comunicação etc

Sempre que ocorre uma mudança econômica, ela vem acompanhada de um aparato ideológico. O senhor vê algo assim atualmente?

Dowbor – Hoje, há centenas de exemplos de coisas que estão funcionando sob esses novos paradigmas. Não apareceu O Capital da economia do conhecimento, o livro que mais sistematiza as transformações no horizonte é A Sociedade em Rede, do Manuel Castells. Atualmente, está mudando o conceito de economia do tempo, de territorialidade, o conceito de meios de produção, de infra-estrutura. Há diversos elementos que compõem essa mudança, mas quando se tem mudanças sistêmicas é prematuro querer fazer a teoria geral. Muita gente está fazendo a lição de casa e outros estão reagindo a isso.

Reproduzido da revista Fórum. Entrevista completa AQUI

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