quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A MORTE DA ARTE

Sensibilidade e mercado na
encruzilhada da globalização


POR WALTER GALVÃO

O século XX, das riquezas conceituais, científicas, tecnológicas, estabeleceu complexos eixos de reflexão a respeito da morte da arte a partir de uma linha do pensamento que se estabelece no século XIX.

Esta anunciação de morte é fruto de uma necessidade européia que virou americana, ocidental e brasileira, de refletir sobre tradição e modernidade e de como as formas clássicas da comunicação sensível artisticamente produzidas integraram-se ao projeto de sociedade que se orientou para o mercado produzindo platéias motivadas por uma oferta gerando uma nova expressão para as relações sócio-culturais.

Nesta primeira década do milênio, a morte da arte, principalmente através da anunciada “morte da música”, integra urgências da agenda da globalização.

São inúmeros os autores de ontem que se dedicaram ao tema, muitos os de hoje que persistem na manipulação do enigma, um canto mórbido de repulsa ao mesmo tempo à irresistível atração do mercado com seu poder de a tudo transformar em mercadoria, e ao dirigismo acadêmico em seu ímpeto de burocratizar a criação através de fórmulas capazes de sistematizar a imaginação artística.

Essa “morte” estaria configurada, para pensadores de hoje a exemplo do poeta Ferreira Gullar, que escreveu livro importante sobre o tema, na absorção, pela indústria cultural para manipulação via truques de marketing, da energia criativa, simbólica e poética dos artistas. Estes, indiferentes ao bate-boca, seguem criando. Provam a cada quadro, filme, holopoema, a cada nova canção ou sinfonia que a utopia da espiritualização via concretude do gesto artístico continua um sol no horizonte da civilização. E é bom que assim seja.
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Imagem reprodução de “A fonte” de Marcel Duchamp

Sobre MORTE DA MÚSICA leia aqui

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